O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
...a luz o telefone
a sonegação do leite
da carne
do açucar
do pão
...porque o poema, senhores,
está fechado:
"não há vagas"
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço.
O poema senhores,
não fede
nem cheira.
(Ferreira Gullar)
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