05/07/2009

Notas soltas – Sobre CRISE ÉTICA na ECONOMIA e na POLÍTICA


No passado Sábado dia 4, participamos em Lisboa num seminário.

Foi lá dito, que a escola deve ensinar para os direitos…

Foi lá dito, que “ É preciso reabilitar o trabalho” e “reactivar a confiança”.

Foi lá dito, que vivemos um tempo de “ um discurso pobre para uma paz positiva”.

«Que é preciso descolonizar o pensamento», «diversificar o pensamento», «comprometer o pensamento».

O grande drama da falta de emprego deve-se a uma sociedade desligada do que é sensato e eticamente recomendável …

A classe politica maioritariamente demissionária do seu papel, é dominada, foi dominada pela economia de mercado …

É preciso ter:

Atitudes morais e eticamente recomendáveis e fazer o melhor que sabemos e podemos sem perder de vista a felicidade da pessoa humana. … renunciar a democratização da corrupção vigente …

Isto só será conseguido com cidadãs e cidadãos protagonistas do seu próprio destino. Tudo melhorará com uma empenhada participação na vida pública, no sufrágio eleitoral que se avizinha exigindo sustentabilidade social e confiança …

No aspecto ecológico:

- «A Terra, temo-la emprestada pelos nossos filhos e os nossos netos». Tudo o que façamos deve ter presente a equidade intergeracional, porque ninguém deve esgotar hoje o que nos fará falta amanhã….

É por isso, que à laia de conclusão e aspirando a um novo paradigma de vida, a regra da casa (Governar para as causas comuns) tem de ser numa relação de confiança redistributiva.

J/cV

Mas não posso deixar de lembrar aqui

Este jocoso texto de 1871

Que não foi lá lembrado mas( quanto a mim) merecia…

“O paiz perdeu a intelligência e a consciencia moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciencias em debandada, os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniencia. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inercia. O povo está na miséria. Os serviços publicos são abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias augmenta em cada dia. Vivemos todos ao acaso. Perfeita, absoluta indifferença de cima a baixo! (…) As quebras succedem-se. O pequeno commercio definha. A indústria enfraquece. A sorte dos operarios é lamentavel. O salario diminui. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. N´este salve-se quem puder a burguezia proprietaria de casas explora o aluguel. A agiotagem explora o juro. A ignorancia pesa sobre o povo como uma fatalidade. (…) Não é uma existencia, é uma expiação. A certeza d´este rebaixamento invadiu todas as consciencias. Diz-se por toda a parte: o paiz está perdido! (…) E que se faz? Attesta-se, conversando e jogando o voltarete, que de norte a sul, no Estado, na economia, na moral, o paiz está desorganisado – e pede-se cognac!» – in “Farpas" de 1871 de Eça de Queiroz e Ramalho de Ortigão, págs. 4, 5 e 6”


De facto o país mudou muito desde 1871,

José da CostaVelho

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