Álvares de Azevedo
****d´o BRASIL Romântico ****
Como é bela a manhã! Como entre a névoa
A cidade sombria ao sol clareia
E o manto dos pinheiros se aveluda...
E o orvalho goteja dos coqueiros...
E dos vales o aroma acorda o pássaro...
E o fogoso corcel no campo aberto
Sorve d’alva o frescor, sacode as clinas,
Respira na amplidão, no orvalho rola,
Cobra em leito de folhas novo alento
E galopa nitrindo!
Agora que a manhã é fresca e branca
E o campo solitário e o val se arreia...
Ó meu amigo, passeemos juntos
Na várzea que do rio as águas negras
Umedecem fecundas...
(...)
Acorda, ó meu amigo: quando brilha
Em toda a natureza tanto encanto,
Tanta magia pelo céu flutua
E chovem sobre os vales harmonias,
É descrer do Senhor dormir no tédio,
É renegar das santas maravilhas
O ardente coração não expandir-se
E a alma não jubilar dentro do peito!
Eu morro de saudade! e só me nutre
Inda nas tristes, desbotadas veias
O sangue do passado e da esperança!
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